Minha primeira formação foi em Ciências Contábeis. Por muitos anos, atuei nesse mercado, seguido por uma transição para o empreendedorismo no ramo da beleza. Alcançar o sucesso desses campos parecia ser o objetivo final, mas, no fundo, algo sempre estava fora do lugar. Eu cumpri metas, conquistei novos patamares, mas não me senti completa. 

A pergunta que ecoava dentro de mim era: “Por que, com tantas conquistas, ainda sinto esse vazio?” Foi essa inquietação que me levou a embarcar em uma jornada de autoconhecimento. Busquei respostas em diversas terapias, incluindo psicanálise e medicamentos que anestesiavam os sintomas, mas não curavam e não identificavam a causa. Até que, um dia, me indicaram um profissional que atuava com hipnoterapia. 

Em uma única sessão, tudo mudou. Pela primeira vez, enxerguei com clareza os padrões de comportamento que vinha repetindo, e finalmente entendi as raízes dos meus sentimentos de insatisfação. 

A transformação foi tão poderosa e reveladora que eu soube naquele momento que essa seria a nova direção da minha vida.

Sou a terceira de oito filhos, fruto de um casamento que desmoronou quando meu pai nos abandonou. Na época, eu tinha apenas nove anos, e minha irmã mais nova, nove meses. Minha mãe, analfabeta, foi deixada sozinha para cuidar de todos nós em uma pequena cidade no Acre, onde as mulheres eram ensinadas a acreditar que seu lugar não era no mercado de trabalho. Foi nesse cenário que vivi a verdadeira escassez – não apenas de recursos como comida e itens básicos, mas também de afeto, de segurança, e de uma infância que foi abruptamente tirada de mim. 

Meu pai nos deixou sem olhar para trás, e com isso, minha adolescência foi roubada. Fui obrigada a assumir responsabilidades que jamais deveria recair sobre os ombros de uma criança, enfrentar situações que ninguém, muito menos uma criança deveria passar.